É próprio dos jovens um sentimento de onipotência que faz menosprezar o saber e o comportamento dos mais velhos. Assim sendo, assumem riscos, enfrentam desafios, ficando vulneráveis às situações de perigo.
A resistência à autoridade é comum nessa fase e resulta em conflitos, refletindo a necessidade da auto-estima bem construída na busca da identidade. Nesse momento, o jovem vai se valer, principalmente, do apoio emocional do seu grupo. É muito importante para o adolescente pertencer a um grupo (tribo, gang). Sua atitude e comportamento, em geral, refletem as crenças, os valores e as normas de seus iguais.
Levado pelas afinidades e aceitação, o adolescente vai se enturmando, achando seu espaço e desempenhando papéis que o valorizam.
O contato com os jovens da mesma idade possibilita a experimentação conjunta. Os adolescentes podem trocar confidências sobre as mudanças corporais e paqueras. O grupo facilita ao jovem o autoconhecimento. Nas trocas de informações, ocorre o apoio mútuo ou a reprovação e isso vai reforçando a referência e si, repercutindo uma auto-imagem e auto-estima positiva ou negativa.
A afirmação da identidade é vivida intensamente. O adolescente sente-se crescido o bastante para dispensar a proteção da família, mas ainda não domina esta metamorfose, o que pode gerar insegurança. Por isso, o adolescente combina diferentes modelos de ídolos e ideais que darão sustentação à sua identidade em amadurecimento.
Algumas vezes, infelizmente, os adolescentes se ligam a grupos arruaceiros que facilitam a bagunça, bebedeiras, uso de drogas, vandalismo e outros atos de delinqüências. Quando está buscando um intenso prazer momentâneo, uma demonstração de força ou independência, procurando o novo e deixar de ser “careta”. Daí, tantos jovens escolhem ídolos e ideais como símbolos de violência, da autodestruição.
Quando se envolve com um grupo positivo, o adolescente terá experiências positivas aliadas a liberdade e à reflexão, conduzindo ao amadurecimento pela trilha da autoconfiança criando condições de identificar-se como pessoa humana, vivendo sua sexualidade de maneira saudável, consciente e com prazer.
O adolescente é mutante e inacabado, como um rio que passa e nunca é o mesmo a cada vez que o olhamos, ouvimos e sentimos...
(Trecho do livro “Adolescente: O Desafio de Ser Mutante”; Josefina Sousa e outros)