quinta-feira, 10 de março de 2011

Religião e Sexologia

Embora eu sempre faça colocações iniciais de que a Sexologia é tratada como uma ciência em minhas palestras, por vezes, algum participante traz a tona questões que acabam por envolver a vivência da sexualidade com as diversas práticas religiosas.
Segundo Karl Marx: “A religião é o ópio do povo. Se a intenção de alguns é retirar a religião das pessoas, é bom oferecer um outro tipo de ópio.” Como vimos através dessa afirmativa, as origens religiosas são muito fortes nas sociedades e que vêm permeando nossa cultura desde as antigas civilizações judaico-cristãs do mundo ocidental. Portanto, bastante arraigadas nos nossos valores e sentimentos, o que é louvável e positivo para o crescimento e desenvolvimento humano.
A fé religiosa não deve fazer parte dos processos científicos. A Ciência é laica e empírica e na Sexologia não é diferente por também tratar-se de uma ciência.
É preciso deixar claro que todo Educador que deseja enveredar pelos caminhos da Sexologia tenha consciência de que irá lidar com o sentimento humano, em toda sua essência, beleza e diversidade; diferentes credos, crenças e tabus socioculturais e religiosos, de acordo com a individualidade de cada pessoa que precisa ser respeitada e preservada.
A missão do Educador Sexual é transmitir conhecimentos teórico-científicos sobre a Sexologia. Compete a cada indivíduo, a partir da aquisição desses conhecimentos, construir seus próprios conceitos e valores, utilizando-os da melhor forma possível para a melhoria de sua qualidade de vida.
Acabo de fazer a leitura do livro: “Criação Imperfeita. Cosmo, vida e Código Oculto da Natureza”, de Marcelo Gleiser, Professor de Filosofia Natural, Física e Astronomia do Dartmouth College. Termino minhas ponderações sobre Religião e Sexologia com alguns trechos desse livro que achei bastante interessantes e plausíveis frente à nova Ciência Sexologia...
“A ciência é uma criação humana, uma narrativa que criamos para explicar o mundo a nossa volta. Sempre existirão fenômenos que não poderão ser explicados por nossas teorias.”
“A Ciência e suas práticas têm limites; os cientistas que as praticam têm limites. A Ciência tem que ser humanizada e relacionada com a cultura em que existe.”
“Nosso alcance é amplo, mas limitado. A Ciência nos revela como a Natureza funciona e não como gostaríamos que funcionasse.”
“É preciso aceitar o que a Natureza nos diz, mesmo que contrarie nossas fantasias.”
“Querer aprender sempre mais reflete a nossa curiosidade. Acreditar poder saber tudo reflete apenas uma ilusão.”
“Para nos aproximar da verdade, muitas vezes temos que abandonar nossos sonhos de perfeição.”
“O que importa não é chegar a verdades absolutas, mas ao conhecimento.”
“Acreditar que a Ciência, num determinado momento terá todas as respostas é dotá-la de um poder que não tem.”
“Não é a simetria e a perfeição que deveriam estar nos guiando. A Ciência que criamos é apenas nossa criação. Mesmo que maravilhosa, será sempre limitada pelo que podemos conhecer do mundo. E como não podemos conhecer tudo o que existe, nossa Ciência será sempre incompleta.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário